As letras graúdas
em tons de vermelho se lê de longe. PONTO
DE LEITURA ENCANTO DOS ALAGADOS. Pois um espaço como este, tem que ser
visto, tem que ser vislumbrado, tanto de longe, quanto de perto.
Há três anos,
moradores das áreas de ponte do bairro do Muca, zona sul da cidade de Macapá são
maravilhados pelos vários artistas, que juntos, levam brincadeiras, imagens,
poesia, oficinas de criação, sorrisos pra alma, entre as engenharias das pontes
que interligam os saberes culturais para as muitas crianças que conservam uma
doçura no olhar. Aqui, ou melhor, lá, onde a vida ainda prossegue calma por
entre as horas quentes do dia.
Com esse mesmo
intuito, sexta feira passada (24/01/2014) o projeto de pesquisa, Trilhas Urbanas (Geografia/UNIFAP) em
parceria com o Núcleo de Fotografia
Contemporânea – NUFOC (Artes/UNIFAP) se somaram, para juntos, ensinar e
realizar uma oficina de “lambe- lambe”, mais construção de poesia, para as
crianças do encanto dos alagados.
Esta experiência
com o ponto de leitura Encanto dos Alagados se ampliou desde nossa chegada, a
princípio (enquanto arrumávamos a oficina) questões como “será que vai aparecer alguém?”, nos provocava inquietações, mas,
não demorou muito para o local ficar cheio. O mais engraçado: Não foi preciso lançar convite, muito menos
sair de casa em casa convidando as crianças.
Ainda, durante a organização
dos materiais, a “molecada”, motivo de nossa estada, surgiam, uma a uma, e num piscar de olhos o local estava lotado,
vinham como caminhantes, como aprendizes.
Olhos
atentos, a cada instrução, sorrisos ao dente, tudo muito lindo. Como
era bonito de ver o olhar fixo das crianças preso no papel, arquitetando o que
escrever. Não demorou muito para os
sentimentos, dos mais belos, transbordar no papel em forma de poesia: algumas
escreviam recadinho, como fragmento de memórias bonitas que não queria
esquecer. “Saudade das amigas”
escreveu uma delas, que logo virou lambe-lambe....
A cena do
garotinho, que nos levou até a casa dele, pra colar o lambe na porta do quarto,
com o nome das duas irmãs, nos emocionou fundo o coração!
A mãe, com um dos
irmãos do garoto no colo logo nos recebeu, prontamente, veio o pai, com uma
lanterna nas mãos (iluminar o local onde ficaria o lambe). A casa parecia estar
em festa, na verdade nossa alma ficou em festa de sermos testemunhas de uma
sena tão formosa.
A oficina chegou ao
fim com um gosto de “não podemos demorar pra voltar” ... Eles nos esperam...